O novo presidente do Danske Bank quer que qualquer pessoa com boas ideias sobre como administrar a instituição entre em contato com ele diretamente. Chris Vogelzang, um ex-banqueiro do holandês ABN Amro que assumiu no mês passado o posto de CEO do maior banco dinamarquês, diz que gostaria de receber pessoalmente as sugestões de investidores e funcionários.
A novidade surge um ano e meio depois de o Danske ser punido pelo regulador financeiro dinamarquês por causa de uma cultura que desestimulava os funcionários a expressarem suas opiniões. Com isso, o banco decidiu adotar uma outra postura.
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"Estamos tentando ser o mais transparentes possível", disse Vogelzang, segundo registro da agência Bloomberg. "Quero que todos no banco possam falar caso acreditem que as coisas podem melhorar." O executivo diz que forneceu seus dados de contato à equipe e a outras pessoas em toda a Escandinávia "para que elas possam me enviar e-mails sobre o que acham que deveria ser feito".
Com a experiência de quem, atuando na área de varejo, ajudou a recuperar o ABN Amro depois de o banco ter sido resgatado pelo Estado holandês, Vogelzang foi contratado para ajudar o Danske a lidar com as consequências de um esquema de lavagem de dinheiro de US$ 230 bilhões que eclodiu no ano passado. O caso acabou com a carreira do então CEO do Danske, Thomas Borgen, que agora enfrenta, com outros vários ex-executivos, acusações criminais preliminares.
A Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca disse no ano passado que a cultura "ágil e eficiente" do Danske provavelmente contribuiu para um escândalo tão devastador. Mas a agilidade e a eficiência, aqui, não têm conotação positiva: segundo o diretor-geral da agência, Jesper Berg, sob o antigo alto comando do banco, a ideia era "resolver problemas em um nível mais baixo em vez de chamar a atenção das pessoas em níveis superiores", afirmou ele em maio de 2018. "Obviamente, isso revela um problema de cultura interna."
O escândalo de lavagem de dinheiro, que se concentrou nas operações do Danske na Estônia entre 2007 e 2015, surpreendeu os investidores, o público em geral e o mundo político da Dinamarca. As ações do banco caíram cerca de 60% – uma perda de US$ 20 bilhões em valor de mercado – desde o início do ano passado. Os acionistas se preparam agora para multas que podem ficar na casa dos bilhões de dólares.